Quer ler este texto em PDF?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

José de Arimathéa Tito Filho, por ele mesmo

Organizado por José Antônio da Silva* **

ARTISTA
Já se disse que o homem ordinário pactua com as injustiças sociais, mas o artista não pode com elas pactuar.

COMUNICAÇÃO
O homem, desde épocas primitivas, comunica o que deseja, o que determina, o que pensa, de maneiras inumeráveis: pelo que veste, pelo que  come, pelo olhar, pelas cores, por figuras, gráficos, imagens, pelo toque do sino ou do clarim, pelos usos e costumes que adota, expressando, pois, um mundo de mensagens que revelam aos outros as estruturas de sua personalidade.

COMUNIDADE
As comunidades humanas de vez em quando padecem provocações, que resultam de cousas diversas ­– crimes, intempéries da natureza, epidemias, atitudes passionais dos grandes ajuntamentos humanos, imprevidência das pessoas ou dos governos e outros.

CULTURA
A própria vida vale o conjunto de todos os processos culturais.

ECONOMIA
Nunca. Não confundamos finanças com economia. Nós podemos Ter dinheiro no bolso e sermos integralmente despreparados para a vida. E ainda podemos Ter muita economia conosco e não termos o que é necessário normal do homem, que é o dinheiro. A economia é um processo de felicidade das comunidades, de bem estar ...

ESCRITOR
Diríamos que o escritor vive num meio hostil, de intrigas, de invejas, de hipocrisias, e tudo vai derrotando o artista que chega ao ponto da acomodação. Ninguém repudia as idéias, mas se acomoda às normas de força das ditaduras reais ou aparentes.

... quando novo, o escritor é antiacadêmico por natureza. À proporção em que ele envelhece, busca as academias porque, ao cabo de contas, elas exercem, em virtude do próprio bafejo oficial, proteção a quem já se sente deserdado da sorte.

ESCREVER
Um livro, uma poesia, um pensamento que se escreve vale um filho espiritual muito terno. Então, qual o pai que gostaria de Ter um filho chamado de feio, de aleijado? Procuramos, pois, incentivar a quem escrever alguma coisa. Não fazemos elogios derramados, tanto que acontece uma coisa que muitos não observam: quando não temos nada que dizer do livro, falamos do autor, da pessoa, dos seus traços humanos, dos seus sentimentos; no final, alguma referência ao livro, acentuando o esforço do autor, a sua simplicidade, sem que destruamos os seus desejos e pretensões. Achamos que o melhor caminho para educar é o caminho do afeto, do querer bem.

HISTÓRIA
A ninguém é dado negar a importância da História na vida dos povos. Desenganadamente, fazê-lo é desconhecer que, sem ela, torna-se impossível a continuidade da cultura. Com efeito, sem memória, as civilizações ficam sem passado.

LINGUAGEM
A linguagem humana é meio de entendimento da comunidade que se manifesta por processos vários. Há a linguagem literária, asseada, estruturada, e ao lado dela a linguagem natural, despoliciada, no contato com os amigos, nas diversões, a linguagem chã, plena de expressões triviais, veículos de entendimento geral, que todos compreendem, instrumento de conversação do doutor com a verdureira, do sábio com o limpador de sapatos.

Há outros processos de linguagem: a linguagem dos gestos, dos dedos, dos olhos, a linguagem da gíria, por via da qual o povo ironiza situações e caracteres, e ainda a linguagem dos grupos profissionais, com a força psicológica do vocabulário na variedade desses grupos: trabalhar para o médico corresponde a operar, mas de trabalhar o ladrão tem entendimento diverso. E chegue-se ao calão, o processo de linguagem  deseducada, comum no submundo da malandragem, do meretrício.

A linguagem dos homens se manifesta por processos vários. Há a literária, polida, asseada, rica, regida por preceitos gramaticais; existe a usual, despoliciada, de todas as horas, a linguagem chã, planiciana, de estragos fonéticos, governada pelo menor esforço, aquela que é o veículo de entendimento geral. Adiante, a linguagem dos gestos – dos dedos, da cabeça, do piscar de olhos. E ainda a gíria, por via da qual o povo ironiza pessoas e episódios, e estabelece relações entre os objetos, a gente e os fatos. E mais: o processo da linguagem emotiva e do calão. E também uma maneira especial de comunicação, de causas profundas – um modo de ser representado pelo linguajar das pequenas paisagens populacionais, de reduzidas comunidades de povo, de lugarejos e
vilas ...

LITERATURA
São muitas as correntes literárias que dominaram a vida espiritual dos povos. Classicismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, concretismo, modernismo e quantos mais. Cada qual tem interpretação própria e autores respectivos. A crítica sempre procurou defini-las, como agora  fazemos, sem que sejamos críticos mas apenas ledor de documentos da literatura, com o polifonismo.

LIVRO
Dar livros de presente aos amigos é uma prova de que os consideramos inteligentes e cultos.

Os livros merecem todo nosso respeito, admiração e carinho: são eles que nos dão os conhecimentos de todas as ciências e artes. Em suas páginas é que registram todas as causas importantes da terra. Eles nos instruem e nos divertem. Servem de passatempo, de calmante, de remédio. Em uma palavra, os livros aumentam a nossa responsabilidade.

MUDANÇA
É necessário que haja reação e reação heróica. Faliram-se as elites políticas confundidas com os donos da economia dos povos; a salvação está na inteligência aprimorada que não se venaliza e na coragem de luta dos que têm fé.

NOVELA
Ninguém ignora que a novelística corresponde ao gênero literário da novela – um gênero difícil da criação artística, porque reclama ordenamento, sobretudo. A novela vale-se de fatos humanos reais, ou, quando fictícios, via de regra, verossímeis. A narrativa de ser curta, mais completa, integra ...

PALAVRA
Dispõe o homem da palavra – e as palavras substituem as cousas e realizam um vasto e eficaz processo de linguagem. Qualquer que seja a linguagem humana, porém, dos gestos, dos cânticos, das convenções, da fala, das artes, o seu estudo deve ser antecedido pelo conhecimento do símbolo, que se representa por signos e sinais.

POESIA
Se não disseram, é necessário que se diga: a poesia corresponde ao sentimento do mundo,  -  o sentimento das cousas, dos gestos, dos caracteres humanas, da natureza, da vida espiritual, da família, do afeto, dos aspectos filosóficos nas atitudes do homem, assim da forma que se elabora a poesia intimista e social.

Não cabe dúvida de que a poesia tem elevada função social e de que os poetas podem defender pontos de vista morais e políticos...

VERDADE
Nós temos sestro tristíssimos: quando ocupamos um cargo, ficamos empanturrados de grandeza, vaidosos, e acreditamos que apenas nós temos a verdade. Quando achamos que um professor não está seguindo o bom caminho e damos palpite a fim de que ele erre menos, o mestre se aborrece, passa a antipatizar conosco, ás vezes a odiar-nos, por isso nos eximimos de crítica.

Bibliografia

SILVA, José Antônio da. Dicionário de Sabedoria dos Piauienses - citações máximas sentenciosas do pensamento reflexivo dos Piauienses de todos os tempos. Teresina: EDUFPI, 2004.

** O blog agradece encarecidamente à José Antônio da Silva por ceder o texto publicado acima. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário